MEDIDAS GERAIS PARA O POS OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDIOVASCULAR
OBJETIVO:
Organizar o atendimento aos pacientes submetidos a cirurgia cardíaca ( CRVM e troca valvar) visando a sistematização de precisão e condutas.
- Cuidado do traNsporte do paciente do bloco cirúrgico ao CTI.
- Monitorar dados vitais , infusão de drogas , ventilação. ( evitar hipotensão, arritmias, extubaçao acidental, perda de acessos, etc..).
A – CUIDADOS
- Cuidados Gerais: Evitar mobilização excessiva, principalmente em pacientes instáveis; Manter cabeceira à 30 º
- Cuidados com a ventilação: Observar simetria da ventilação e presença de enfisema subcutâneo – Checar periodicamente conexões do respirador e ajuste dos parâmetros; Checar posição do tubo e presença de alterações pulmonares ao RX Tórax; Parâmetros iniciais do respirador: Vol. Corrente: 8 ml/Kg/min, salvo em situações de injúria pulmonar, respeitando-se a pressão de plateâu• Freq. Respiratória: 12 irpm;• FiO2: 60% a 100%, dependendo da distância de transporte• Peak Flow: 60 Lpm; e manter sensibilidade média para permitir a transiçãoespontânea para ventilação assistida; Checar gasometria;
- Avaliação da extubação: Paciente consciente, hemodinamicamente estável, com bom trabalho respiratório espontâneo, FIO < 50% e VC > 5 ml/KgColocado no “Y” por 30 minMantida a estabilidade hemodinâmica e parâmetros gasométricos normaisExtubação e FiO2 mantida em 40%CPAP por máscara nos pacientes com congestão pulmonar e DPOC
- Cuidados com a SN, se presente: Checar posição à admissão no CTI, através da ausculta e pelo Rx de Tórax;Mantê-la aberta, não administrar qualquer substânciaRetirá-la logo após a extubação se não houver necessidade de mantê-la;
- Cuidados com os drenos: Checar permeabilidade; Checar aspiração (a pressão deve ser mantida entre -10 e -20mmHg );Checar posição através do Rx de Tórax; Os drenos podem ser removidos a partir de 24 horas de pós-operatório ou quando,após 24 horas a drenagem reduzir para menos de 40 ml/h por 2 a 4 horas consecutivas (individualizar cada caso);
- Cuidados com o cateter de PIA: Utilizar sistema fechado; Observar periodicamente perfusão do membro onde está instalado o cateter; Remover o cateter no 1º DPO, se o paciente se mantém estável;
- Cuidados com cateter de veia central: Checar posição à admissão no CTI através do Rx de tórax; Removê-lo à partir do 2º DPO se paciente permanece estável;
- Cuidados com a SVD: Checar permeabilidade à admissão no CTI e sempre que houver redução do fluxo urinário.Retirar a SVD a partir do 1º DPO, se o paciente permanecer estável;
B – EXAMES LABORATORIAIS
- Admissão do Paciente: Os exames solicitados à chegada dos pacientes no CTI são: Gasometria arterialEritrogramaIonograma (Na, K, Mg) Glicemia1.2- Rx de Tórax (AP); 1.3 – ECG ( 12 /12 h); Cerca de 6 h após à admissão será feita nova revisão laboratorial, ou mesmo antes sehouver necessidade de correção das alterações laboratoriais.
- 1º DPO: Manhã (7 h) ıeritrograma + ionograma + gasometria arterial + creatinina) > Tarde (17 h) ıeritrograma + ionograma + gasometria arterial > Serão colhidos outros exames laboratoriais ou será feito Rx de Tórax ou ecocardiograma de acordo com as necessidades clínicas do paciente.
- 2º DPO: Os pacientes hemodinamicamente estáveis no pós-operatório estarão de alta do CTI. Serão colhidos exames laboratoriais ou será feito Rx de Tórax ou ecocardiograma de acordo com as necessidades clínicas do paciente.
C – PRESCRIÇÃO DE ROTINA
- Pós-operatório Imediato: 1. Antibiótico profilático ı Cefalosporina – Kefazol® ( 1g EV 8/8 h até 3 doses na UTI )
- Protetor gástrico – vide protocolo próprio
- Analgesia – vide protocolo próprio
- AAS 100 mg – 1cp VO a partir da 8ª hora de PO.
- NIPRIDE 01 amp + SGI % 250 ml } ev bi 10 ml /h ( se paciente hipertenso ) / TRIDIL 01 amp + SF0,9 % 250 ml } ev bi ( pcientes com sinais de isquemia ou IAM recente)
- CORRIGIR VOLEMIA, ACIDOSE, HIPOXEMIA, ANEMIA, DIST. HIDRO-ELETROLÍTICOS.
- Metropolol CRVM/IC/HAS 50 mg 8/8 h ou de acordo com indicação médica
- IECA CRVM/IC/HAS
1º DPO
- Kefazol® – 1g EV 8/8h (completando 3 doses 8/8 horas)
- AAS 100mg – 2 cp na 8ª h de PO de 24/24 h;
- Estatinas: pravastatina 20mg/dia ou lovastatina 10 mg/dia
- Tylex® 30mg – 1 cp VO 6/6 ou 8/8 h
- Metropolol CRVM/IC/HAS 50 mg 8/8 h ou de acordo com indicação médica
- IECA CRVM/IC/HAS
- liquemine 1 amp sc 8 / 8 h
- marevan 5 mg / dia ( pacientes valvulares, submetidos a troca valvar por prótese metálica ou pacientes submetidos à troca valvular biológica, em que se tenha encontrado no ato cirúrgico presença de trombos atriais ou em apêndice atrial, associado a aumento significativo do AE ou pacientes com grande AE, com passado de tromboembolismo )
2º DPO
Será avaliada a alta do CTI, para pacientes estáveis hemodinâmicamente.
Critérios e condições para descontinuação da VMI:
1 > Estabilidade respiratória
- FR espontânea < 30 irpm
- Vol minuto < 10 L/min
- Vol corrente espontâneo > 5 ml/Kg
2 > Estabilidade das trocas gasosas:
- PaO
- 2 >80mmHg com FiO2 de 40% e PEEP < 5PaO
- 2/FiO2 > 200mmHg com PEEP < 5
3 > estabilidade hemodinãmica e neurológica
- Estabilidade do centro respiratório: ausência de apnéia
- Estado de consciência do paciente
- Estabilidade cardiovascular: suporte inotrópico/vasoativo mínimo
- Estabilidade hidro-eletrolítica
- Hemoglobina > ou =10 g%
- ## Desmame simples: Critérios OK ı “Y” ı Monitorização OK ı Após 15-30min ı gasometria ı EXTUBAÇÃO
E – ALTERAÇÕES DA PRESSÃO ARTERIAL
1 > HIPERTENSÃO : Consideramos níveis tensionais elevados uma pressão arterial média (PAM) superior a 100 mmHg. A grande maioria dos pacientes submetidos a cirurgia cardíaca, principalmente a CRVM, apresentam antecedentes de hipertensão arterial, fazendo uso rotineiro de medicações hipotensoras. Além dessa, hipovolemia (hipertensão reativa) e aumento do tônus adrenérgico são as principais causas da hipertensão arterial.
Solução preconizada de Nitroprussiato de Sódio (NIPRIDEÒ) é:
- SGI 5% ———————–250 ml Concentração = 200 mcgr/ml
- Nipride (50mg)—————-01 amp
É uma medicação fotossensível e por isso deve receber proteção contra luz.
Solução preconizada de Nitroglicerina Venosa (TRIDILÒ) é:
- SG 5% ———————–250 ml Concentração = 200 mcgr/ml
- Tridil (50 mg)—————–01 frasco
Medicação fotossensível. Preparo deve ser em vidro de vácuo para evitar a aderência de partículas ao material plástico.
Beta-bloqueador utilizado é Metoprolol: EV ou VO
Considerar contra-indicações à administração de drogas beta-bloqueadoras.
Cloridrato de Enalapril (RenitecÒ): VO
Considerar contra-indicações à administração de drogas inibidoras da enzima de conversão da angiotensina.
2 > HIPOTENSÃO ARTERIAL
CAUSAS
HIPOVOLEMIA ABSOLUTA > Déficit volêmico por balanço hídrico ou sangüíneo negativos durante o período per-operatório > Déficit volêmico por sangramento pós-operatório ainda não identificado.
HIPOVOLEMIA RELATIVA > Redução da resistência vascular periférica por drogas (Nitroprussiato de Sódio, Anestésico) e por hematócrito reduzido
TRATAMENTO: Suspensão temporária e definitiva do fator causal, se possível. Administração endovenosa de volume na forma de Cristalóide (SF 0.9%) associado, se necessário ao Colóide. Medidas que promovam aumento do retorno venoso e proteção cerebral e cardíaca (Cabeceira plana e elevação dos membros inferior)
Manutenção de HTc > 30% e Hb > 10. Se refratário iniciar aminas vasoativas.
Solução preconizada de Noradrenalina e:
- 1 ampola = 4 ml = 4 mg
- Noradrenalina —————— 5 amp. Concentração = 100mcg/ml
- SG 5% ———————— 180 ml
OBS: Propriedades alfa e beta adrenérgica. Para alcançar dose Beta são necessárias doses menores, aproximadamente 0.01 mcgr/Kg/min.
Solução preconizada de Dopamina é:
- 1 ampola = 10 ml = 50 mg
- Dopamina ———————- 5 amp Concentração = 1 mg/ml
- SG 5% ———————— 200 ml EV
Solução preconizada de Fenilefrina:
- Fenilefrina 2.5% ————— 1 ml Concentração = 100 mcgr/ml
- SG 5% ———————— 250 ml Dose 0,5 a 1 mcgr/Kg/min.
II – ALTERAÇÕES DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA
1 – BRADICARDIA
Bradicardia requer uma conduta imediata. As principais causas dessa intercorrência são:
- Uso prévio de drogas bradicardizantes (Beta-bloqueador, Antagonista de Cálcio, Digoxina, anti-arritmicos)
- Presença de bradiarritmia (Bloqueio atrioventricular, ritmo Juncional entre outros)
- Reflexo de Bezold Jarish (Observar hipotensão associada)
- Hipotermia
- Distúrbio Eletrolítico
- hipoxemia Severa
- Hipertensão Cerebral Severa
Conduta:
Ligar gerador de marca passo, utilizando-se dos fios epicárdicos instalados durante o per-operatório. Quando na presença de apenas 01 fio epicárdico, instalação de um segundo, no subcutâneo da transição tórax-abdome. Nesses casos, o fio conectado a
pele é considerado fio positivo e o fio epicárdico, o negativo.
Ajustes do Marca-passo:
- Freqüência de pulso entre 80 a 90 por minuto
- Manter OUTPUT duas vezes o limiar de comando encontrado
- Limiar de sensibilidade adequado a fim de evitar competição entre o ritmo do marcapasso e do paciente e também sensibilidade excessiva capaz de reconhecer onda P como QRS.
- Correção da Causa sempre que possível.
TAQUICARDIA
Causas principais:
- Descarga adrenérgica devido ao trauma cirúrgico
- Hipotermia e hipertermia
- Hipovolemia
- Anemia
- Arritmias Cardíacas
Conduta:
- Correção do fator causal
- Administração de metoprolol EV .
- Cuidados devem ser tomados quando na presença de hipovolemia.
- Tratamento específico das arritmias .
III – ALTERAÇÕES DO EQUILÍBRIO ELETROLÍTICO
1 – HIPOCALEMIA
Pacientes com terapia diurética pré-operatória freqüentemente tem estoques de corporal diminuindo, ainda que o nível sérico esteja normal. Débito urinário intraoperatório relativamente elevado com perda de potássio concomitante é comum na maioria dos pacientes com função renal OK que se submetem a bypass cardiopulmonar usando técnica de hemodiluição. Esses efeitos usualmente continuam por varias horas depois da cirurgia e será exacerbada nos pacientes hiperglicêmicos.
A administração de potássio é feita pelo seguinte esquema:
Solução de Correção:
- SF 0.9% —————— 200 ml EV lentamente, por uma via central.
- KCl 10% —————– 20 ml
- (1 ampola de KCl 10% = 10 ml = 13.4 mEq 1,34 mEq/ml)
- (Dose máxima de Infusão em 1 hora via cateter central = 20 mEq)
- Quantidade de K = 2 mEq para cada 0.1 mEq/l abaixo do nível sérico, a contar de 4
mEq/l.
Nos casos de hipocalemia severa (K < 3.0 mEq/l) ou resistente ao tratamento, preconizamos a seguinte solução:
- SF 0.9% —————— 200 ml .
- KCl 10% —————– 20 ml EV lentamente, por uma via central
- MgSO4 50% ———— 2 ml
Justifica-se o uso de sulfato de magnésio por seu efeito estabilizador de membrana aumentar a reabsorção tubular de potássio manter o potássio dentro da célula.
O controle da infusão de potássio será feito através de dosagens séricas a cada 4 a 8 horas de acordo com o último nível sérico encontrado ou presença de intercorrências clínicas que pode modificar nível sérico mais rapidamente.
2 – HIPERCALEMIA
O controle inicial da hipercalemia, antes do estabelecimento de um método dialítico, será feito através de:
- Troca de Solução de Ringer lactato por SF 0.9% ou SGI 5%.
- Administração de Gluconato de Cálcio a 10%, visando diminuir a cardiotoxicidade da hipercalemia, se alterações eletrocardiográficas presentes.
- Posologia => 1 ampola de Gluconato de Cálcio a 10%, por via endovenosa, a cada 12
ou 8 horas. - Correção de acidose metabólica com administração de bicarbonato de sódio
- Pode-se optar também por uma solução rápida, em casos mais graves, contendo 50 ml de SGH 50% + 10 U de insulina Regular e fazer EV no período de 10 minutos.
- Resinas de troca iônica
- Sorcal – Troca K por Ca.
- (Dose de Sorcal = 30 a 60 g ao dia dividida em 3 ou mais vezes)
- (1 envelope = 30g Administração oral)
- O controle será feito através de dosagens séricas a cada 2 a 6 horas de acordo com o último nível sérico encontrado ou presença de intercorrências clínicas que pode modificar nível sérico mais rapidamente Indicação e tempo para instalação de um método dialítico serão descritos no tópico de Insuficiência Renal Aguda.
3 – HIPONATREMIA
Causa geralmente dilucional
Tratamento é então restrição hídrica, administração de diuréticos e correção do hematócrito.
Nos casos em que houver sinais de intoxicação hídrica – torpor ou mesmo convulsões, efetuaremos reposição de sódio com uma solução a aproxidamente 4%, como o seguinte esquema.
- SF 0.9% ———————– 400 ml EV
- NaCl 20% ——————— 100 ml em 4 a 6 horas.
- Após essa correção mais aguda, o paciente será mantido com a administração de SF 0.9%, sendo realizadas novas dosagens de sódio, e se necessário repetiremos a solução acima.
4 – HIPERNATREMIA
Geralmente secundária a contração do volume circulante, ou a administração excessiva de sódio.
Conduta => Administração de Solução hipotônica (SF 0,45%), obtidas com SG 5% ou ABD, e por vezes teremos que administrar diuréticos de alça na tentativa de espoliar tal íon.
IV – ALTERAÇÕES DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO
1 – ALCALOSE RESPIRATÓRIA
A conduta básica será a alteração nos parâmetros do respirador, através da diminuição na freqüência respiratória, na diminuição do volume corrente programado, diminuindo-se, portanto o volume minuto.
2 – ALCALOSE METABÓLICA
Geralmente a conduta será expectante
No caso de necessidade de correção, poderemos usar:
Cloreto de Amônia – é usada para a correção a mesma fórmula para a correção da acidose, sendo administrada 1/3 ou ¼ da dose necessária, de maneira bem mais lenta que na administração de bicarbonato de sódio.
– 1 ml da solução de Cloreto de Amônia a 10% = 1.8 mEq
– 1 ml da solução de Cloreto de Amônia a 20% = 3.7 mEq
Raramente usaremos solução com Ácido Clorídrico.
Solução de aminoácidos para nutrição parenteral
3 – ACIDOSE METABÓLICA
Nos casos de manutenção de acidose metabólica, em um paciente hemodinamicamente estável, deverá ser aventada a possibilidade de hiperglicemia (reação orgânica ao trauma), em pacientes diabéticos ou não diabéticos. A simples correção da glicemia, com a diminuição no aporte de glicose e administração de insulina corrigirá a acidose.
Fórmula para a correção da acidose metabólica
- MEq de bicarbonato = BE x 0.3 x Peso
- Será administrada a ½ ou 1/3 do valor calculado
- 1 ml de NaHCO3 8.4% = 1,0 mEq
OBS: ADMINISTRAÇÃO DE BICARBONATO DE SÓDIO ACARRETA UMA SOBRECARGA IMPORTANTE DE SÓDIO AO ORGANISMO.
Repetir nova dosagem de gases arteriais 20 a 30 minutos depois da correção.
4 – ACIDOSE RESPIRATÓRIA
Deverão ser verificados:
- Parâmetros inadequados do respirador
- Deslocamentos, oclusão ou acotovelamento de cânula endotraqueal
- Acometimento pulmonar
- Atelectasia extensa
- Pneumotórax
- Grandes efusões pleurais
- Níveis elevados de pressão em território pulmonar
- As correções dos parâmetros de ventilação e das possíveis causas pulmonares são suficientes para solucionar o problema.
5 – HIPERGLICEMIA
V – APORTE CALÓRICO E CONTROLE GLICÊMICO:
Objetivo:
- manter glicemia entre 80 e 110 mmHg
- Insulina Regular (IR) humana 25U em 250ml de SF 0,9% (1U/10ml)
- Começar com 1U/h de insulina (10 ml/h)
- Glicose: SGI 5% 500 ml + SGH 50% 50 ml 55ml/h.
- Glicemia com amostras de sangue obtidas de veia cateterizada com escalpe para este fim
- Dosar glicemias de 1/1h:
OBS: Monitorizar os níveis de potássio.